Tecendo tecidos
Malogradas teias
Muito simpático o maestro
Obnubilação geral
Quando a luz da última estrela apagar
Ainda estarei distorcendo destinos
Uma piada pra você
Um poema sem prospecto pra mim
Se realmente há sentido
Quem se importa?
Tecendo tecidos
Malogradas teias
Muito simpático o maestro
Obnubilação geral
Quando a luz da última estrela apagar
Ainda estarei distorcendo destinos
Uma piada pra você
Um poema sem prospecto pra mim
Se realmente há sentido
Quem se importa?
anotei pra
ver obra de Vicente Celestino
não lembro por que
quantas obras deixei de ver?
e de fazer?
preciso retomar
foco?
e a obra parada?
minha grande obra
obreiro
obrador
obra uma
a
obr
aobr
abro
abor
labor
abro a obra
aborto
e abro
aborteiro
abortalaborbra
abra
k
da
bra
braba
obra braba abortada
a
b
c
deira
abcdoido
labra
labrador
labradeira
ladeira
sempre abaixo
abasta
abastecida
bastou
bra bra bra
bla bla bla
ablast
palavra inventada
assim como nada
era pois aquela obra
nunca esteve parada
As Incríveis Aventuras do
CIDADÃO DE BEM
O CIDADÃO DE BEM
em
ERA UMA BELA PRAÇA
Muitas pessoas gostavam de passear naquela praça. O Cidadão de Bem também. O Cidadão de Bem gosta de caminhar naquela praça todos os dias. Mas, nos últimos tempos, ficou muito incomodado, pois muitos mendigos e gente mal vestida passaram a ocupar a praça, cada vez mais deles. Alguns ficavam até dormindo sobre os bancos. Era uma situação inaceitável para o Cidadão de Bem.
O Cidadão de Bem passou então a pressionar seus políticos de estimação para que algo fosse feito. O Chief Executive Officer da cidade tinha a solução mágica. Propôs privatizar a praça. E assim foi feito.
Então, num belo dia, as pessoas, ao tentar acessar a praça, se depararam com uma cerca e uma catraca, liberada somente após o pagamento da entrada. O Cidadão de Bem não se importou, achou justo pagar para poder usufruir daquela praça.
Agora o Cidadão de Bem estava feliz, somente ele caminhava naquela que já fôra uma bela praça.
Fui tragado pelo Grande Abismo
Mas o Abismo cuspiu-me de volta
Se até o Abismo me rejeitas
Quem há de abraçar-me?
Diários da pandemia:
As lições de empatia do cidadão de bem
-Ei, não está mais usando máscara?
-Não, descobri que já peguei o vírus e sou assintomático.
-Mas a máscara não é só pra proteger você, é pra proteger outras pessoas, para que não sejam contaminadas se você tiver o vírus.
-Fala sério. Quero que se foda.
No emprego:
-O mundo precisa é de uma grande revolução.
-Se você deixar de ser um capacho submisso diante do patrão, já será uma grande revolução.
Na igreja:
-O mundo precisa é de uma grande revolução.
-Se você se libertar das religiões, já será uma grande revolução.
Em casa:
-O mundo precisa é de uma grande revolução.
-Se você procurar o melhor não só para sua família, mas também para as outras famílias, já será uma grande revolução.
E assim, decidiram fazer não apenas uma, mas várias e contínuas revoluções… todos os dias.
Morrerás afogado nas mágoas de tua próstata, profetizou a nova era. Os espermatozóides em conflito discutiam: Ejacule-se daqui, energúmeno. Três dias depois acorda desta normalidade. Ainda organizada. Por que?, pragueja. Óvulos a ovular. Óvulos a vadiar. Óvulos para esvaziar os vitrais de outra igreja renascentista. Sua ambição assobia a resposta: Nade a favor da maré. Há espaço para a tréplica.
Cães
Ao abraçar
Você percebe
Tudo está conectado
Não uma
Mas A
Vida
Vivendo e aprendendo com seres superiores
AAAHHrte !!!
21
Galeria de zines e acontecimentos criativos
AAAHHrte é um zine-colagem de acontecimentos interessantes encontrados por aí. O objetivo é apenas prestigiar e divulgar obras criativas, sem qualquer finalidade comercial. Distribuição gratuita.
Disponível pela Editora Merda Na Mão. Veja em:
https://editoramerdanamao.blogspot.com/p/catalogo.html .
As edições do AAAHHrte podem também ser vistas/baixadas através da ZINETECA DIGITAL COLABORATIVA (https://drive.google.com/folderview?id=1VOSRYuN_id71RG9ks00clzH9nSTGxyGE)
ou pedidas no wnyhyw@gmail.com .
No fundo do abismo vivia Nihil, oni, uno, entre formas esquecidas e lampejos de existência, empunhando o grande cajado da sabedoria.
"Você é o homem, aquele que destrói tudo que toca. Mas chegou tarde. Aqui não há mais nada para você destruir."
"Você se engana."
As montanhas caem, a escuridão se dissolve, os seres semi-animados se desenvolvem, o campo floresce, o imenso abismo se transforma em infinita planície.
"É inútil", brada Nihil, "é inútil e você sabe disso". Começa a se translucidar até desaparecer completamente, ficam suas últimas palavras sobre a relva tácita: "Você sabe que cedo ou tarde e para todo o sempre, seu destino sou eu".
Vã tentativa, abraço a árvore que cresce sem parar. O eterno recomeçar…
Difícil de acreditar, mas era verdade. Aquela realmente foi a guerra para acabar com todas as guerras. O último ditador caiu. A paz agora reina soberana. A Terra respira aliviada. O homem finalmente realizou seu maior feito. Um brinde deveria ser feito em homenagem a ocasião. O porém é que as baratas não brindam. E nenhum outro ser vivo restou para erguer a taça…
Queima de fogos
É natal
É ano novo
É carnaval
Jogo de queimada na praia
É natal
É ano novo
É carnaval
Queima a floresta
É natal
É ano novo
É carnaval
Diários da pandemia:
Novas medidas para a segunda (? e quando terminou a primeira ?) onda
Prefeito, governador e secretários se reúnem para discutir o que fazer frente ao novo e expressivo aumento da contaminação pelo vírus.
-Os casos cresceram muito. Recorde de mortes, hospitais na capacidade máxima. O que faremos?
-Bom… eu não sei.
-Eu também não.
-Eu muito menos.
-Idem.
Um secretário pensa em sugerir que praias e o comércio não essencial sejam novamente fechados. Mas se lembra do que aconteceu com o último que fez essa sugestão. Decide manter fechada é a boca.
-Fazemos nada então?
-Pode ser.
-Ótima ideia.
-Perfeito.
-Idem.
-Muito bem. Então encerramos. Está decidido. Continuaremos fazendo nada. Bom final de semana a todos.
Assim, partem, animados, pois a previsão do tempo é que o fim de semana será de muito sol.
Sem ponto final
Assim deve ser a arte
Todo conhecimento humano continua sendo a mais significativa metáfora do escárnio diabólico da inutilidade
Abdiquei do trono de pasárgada
Perde-se no conglomerado urbano comércio-residencial, mas se achou no labirinto ilimitado de Borges
Bastou uma ou duas doses com Bukowski para a salvação
Superou o corvo de Poe na retórica
Cavalgou nos cronópios de Cortázar
Até retornar a sua condição de barata kafkiana
Nossa, quanto tempo
Como você está
na mesma
Após chupar avidamente seus exsudatos oculares acabou se infectando com tracoma
Personagens eram caricaturas de si mesmo? Ou escrevente é a caricatura?
Boa escrita não se desculpa, não se explica, arte frígida não
Prazos, encomendas, redação da escola, inimigos naturais da criatividade
Queriam mostrar ao mundo serem animais selvagens, sem perder nenhuma oportunidade, no cinema, no ônibus, na viela, na igreja
Aconteceu na Torre Eiffell
Perdoe meus pecados e diga que me ama
Obra completa, em breve
Ilumine
se
me
scência
O título era Sua Carne, iniciava com palavras doces ao ouvido
Gotículas doces escorrendo pelo dorso
coroa branca subindo até o topo
néctar dourado estalando de gelado
Elei$$ões
Não podem parar
Não deixou herança alguma aos herdeiros, toda a riqueza destinada a preservar seu corpo em animação suspensa, o que de mais avançado existir em tecnologia criogênica
Criar uma lei é solução?
Raiz de pi sobre zero
Finalmente a raça evoluiu
Homo Dementius é o apogeu da humanidade
Soberano supremo da anti-civilização
Única lei: gozar até morrer, literalmente, o macho se auto-extermina quando a fêmea fica prenha
Gosto assim, independente das regras ortográficas vigentes
Aspas:
Sobre minha biografia não autorizada, posso dizer que única personagem real foi Judas
O olhar incessante em teu corpo ofuscante
A angústia ante a miragem inabalável
Era tão carnívoro que inclusive a favor de churrascos com carne humana, por que não reaproveitar nossos cadáveres?
Pra que viajar, conhecer outras pessoas, se são todas iguais?
Certo dia brincava na lama e de repente criou um golem
Horror
Amor
Breve
Amor
Horror
Tem um trocado pro cafezinho, seu filho de uma puta?
E gargalhava diante do susto
Já tinha desistido de dinheiro, casa, saúde, mas insistia nessa mania de dar sonoras gargalhadas
O último ponto turístico
Namoram por necessidade social
Pessoas-objeto para chamarem de suas
Embola as palavras, pra se livrar logo delas
De fato, não gosto de escrever
Mas escrevo assim mesmo
Por quê?
Desejos íntimos: Tabu e libertação nos contos de Rubem Fonseca e nos poemas de Augusto dos Anjos, sob o prisma de "Crime e castigo", de Dostoievski
Miscigenóide
Miscigenocídio
Miscioxigenação
Oxigenocídio
Começa normal
Vai enlouquecendo aos poucos
Parecia ser um bom dia
...
Catlaa nleda fza
…
Párias sociais
A salvação da humanidade
O que é mais importante: ler ou escrever?
Não há resposta
Mania de achar que tudo tem que ser uma competição
Nenhuma coisa é mais ou melhor que outra coisa
A velhinha que matou hoje não teve muita graça, muito fácil
O lutador de jiu jiutsu de ontem foi bem mais graficante, passava pela rua, viu o sujeito, enorme, musculoso, camisa da família gracie, foi logo mandando tomar no cu, o fortão ficou invocado, perguntou se queria morrer, você deu risada, ele nem viu a faca furando fundo seu bucho, caiu no chão e ficou gemendo como um neném
100 assassinatos, seu objetivo, então se matará, o suicídio a glória máxima, o maior dos assassinatos, o olimpo da dignidade e coragem, admira os homens-bomba: isso que é morte, é para isso que servem os homens: para serem mortos, fica feliz em alívio quando alguém importante morre
Escreve pensamentos sombrios numa vivência normal, bebe muita água, importante hidratar após um homicídio
Para meu espanto
Descobri que na verdade não estou criando nada, sou personagem de outras ficções
Textando
Atualizando
Testo alisando
Vou textar
Isso mesmo
Através de meu texto
Eu testo
Novos paladares
Əxpëřīmęňťåçõė§
É tão saboroso
Experimentar
Textes
Experimentais
Pode lamber
Pode cheirar
Pode alisar
Textualize
Algum dia
Você também
Há de gostar
Esse aqui é meu amigo, o Graham Bell
É um tanto desligado, mas gente boa
Só fale um pouco mais alto, é meio surdo
Como passei no vestibular?
Simples
Cheguei no local da prova
Me informei onde era o banheiro
Fui até lá
Sem pressa
Entrei na cabine
Fechei a porta
E toquei aquela punheta
Punheta bem feita
Pelo menos uns 15 minutos
Interseção
De sua boca
Quero um arroto
Depois uma
Mordida suave
Transmita-me seu veneno
De ferida para ferida
Quero seu sangue
Pulsando em minhas veias
Se está lendo isso
É porque te amo
Um amor doce como escarro
Pegajoso como porra
De dentro pra fora, como pus
Quando pus meu amor
Dentro de você
Você disse que não doeu
Nem tampouco foi bom
Amor símbolo dos fracos
É por isso que lhe mato
Faremos um último menage
Eu você e os vermes
É preciso aprender a ler
Os espaços vazios
Opereta em 4 idiossincracias
Na verdade, 4 vértices ligando 4 arestas iguais e consecutivas
AARTE
A : negação
Só através da negação criamos
A criação bíblica se deu pela negação do vazio, então fez-se a luz
Grunhidos:
AAAI !
AAARRGH !!
AAARRTE !!!
Arte : o mais grunhido dos grunhidos, o que se propaga nos becos, o que chega torto aos ouvidos
Grunhido não é uma palavra bonita
Arte nem sempre é bonita
Talvez quase nunca seja
Desvirtuando os caminhos da arte
Afinal, o que é arte?
Tudo é arte de certa forma?
Assim como peido é música?
Sebastião Nunes já falava sobre política artística
É estranho, geralmente quando escreve artigos assim começa a divagar, escrever coisas que não tem nada a ver, sentimentos pessoais, pensamentos coloquiais, que não deveriam ser colocados em uma obra séria e formal como um artigo, mas dessa vez ficou tudo certinho, conseguiu se conter, este artigo até aqui tá bonito pra caralho!!!
Podia até ser publicado numa daquelas inúteis revistas científicas para pseudointelectuais
Ass: Anônimo5 Entrou Na Sala Da Silva Que Não Se Prostituiu (Ainda)
Parte x + y = z
Parte raiz de 3 : reticências
Sou uma fração quebrada
Sei que você gosta daqueles textos padrões
Contos, poemas, crônicas, artigos, etc
Mas o que excrementeio é assim
Sem início
Nem fim
Só o meio
Meia boca
Contra-escrita
Contra-ataque
Se puder
Visões do presente
A explicação que não foi pedida
Uma resposta sem dúvida
A certeza jamais questionada
E me dou o direito da descontinuidade
Uma flor medita
Cidadãos vegetam
Bebi bimbei bastei
Norma culta e eu vivemos uma relação pornográfica
Ela velha vadia
Mantém a pureza só na aparência
Por dentro está toda fudida
Eu velho tarado
A recebo de braços abertos e afagos carinhosos
Mas quando a sós
A faço de cobaia submissa para minhas perversões
Ëxtwpàr uh gamræthýkå
Ser îhnĕwītäwįw
Mas u gramatica gosta…
U gramatica goza…
Prazer, Psicodemus
É um nome meio exótico sim
É que meu pai era escritor
Você sabe como escritores são estranhos e canalhas
Mais ou menos
Na verdade minha especialidade é psiquiatria canídea
Veja bem, canídea, não canina
Ontem mesmo estava estudando o caso de um lobo
Escritos de quem não deveria escrever
Por favor preencha os campos abaixo:
Profissão: ______________________
Escrevinhante?
Que absurdo!
Longe disso!
Funcionário público
Escreve apenas por esporte
E só quando a preguiça deixa
Ou quando não tem
Nada
Melhor pra fazer
Já lhe chamaram até de
Poeta, imagine…
Que mal
Fez às pessoas
Para tamanho destrate?
Sua mãe ficou com tanta vergonha coitada
Logo você uma pessoa
Tão certinha
Que passa o dia no computador
E nunca na vida
Compôs um verso sequer
Nem leu nenhum dos clássicos (chatos)
Pois
Revelar-te-á
Arremata no ralo do esgoto a caneta que carregas no bolso
E vá jogar bola
Feio? Simples?
Claro porra
Já disse
Funcionário público
Mas que porra! Pare de usar essa palavra - coisa - para se referir a tudo! É coisa pra lá, coisa pra cá, fiz uma coisa, vi uma coisa, amplie seu vocabulário, porra! Qual palavra usar no lugar? Ah, sei lá, qualquer outra porra.
Agnaszraaak escreve
Doutor, acho que sou maluco
Ora, e qual o problema?
Maluco não é você, é quem veste terno e gravata num calor de 40 graus
Arranca a cabeça e começa a fazer embaixadas com ela
Como fez isso?
Você também pode, somos personagens fictícios, podemos fazer tudo
Meu ônibus chegou
Merda, ônibus pro inferno tá sempre cheio
Esse ônibus dá a volta pelo inferno e volta pro bairro?
Não, a viagem é só ida, huahua
Acorda no meio da calçada movimentadíssima
Pessoas passam ao redor, irritadas por terem que desviar daquela carcaça
O mundo é o que nós fazemos dele, comentou, após comover diabão e revolucionar o inferno
Filme sobre um grupo de pessoas tentando realizar um filme para participar de um concurso, sem ideias originais, pensam então em escrever um filme sobre pessoas sem ideias para um filme…
As janelas dos grandes prédios das grandes cidades
quantas histórias
O que é arte?
Modernamente
É colecionar curtidas e visualizações