AGORA TAMBEM TEXTOS SEM ACENTUACAO E SEM PONTUACAO

SOU O QUE SEREI

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

NORMAL II

Parte II

Talvez daqui a 1 milhão de anos
Guerras, miséria, balas perdidas, anos de espera no posto de saúde, ônibus lotados,
Sejam apenas uma memória
Estudada com horror nas aulas de história
Pelas bactérias reinantes no planeta
Que dirão
Ainda bem que exterminamos essa espécie

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

NORMAL

Parte I

Há menos de 150 anos
A escravidão era vista como algo normal e aceitável
Quantas ações e atitudes nossas atuais
Que consideramos normais e aceitáveis
Serão percebidas como deploráveis no futuro?

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

A ÚLTIMA REVOLUÇÃO RICOCHETE


120 anos. Nunca imaginei chegar tão longe. E lúcido. E saudável. E bebendo como se não houvesse amanhã. Aos 20, achava que não chegaria aos 30, morreria antes de coma alcoólico. Aos 30, bebia pra aproveitar, estava crente que já havia estragado o corpo e que certamente não chegaria aos 40. Aos 50, simplesmente parei de pensar nisso, o dia que tivesse que ser seria, vou apenas encher a cara. E assim continuei bebendo até chegar aos 120. Experiente? Sábio? Que nada, sigo o mesmo inútil fracassado dos meus 20 anos. Entre um gole e outro, dedico o tempo a outra paixão, os livros. Nunca tive uma ID durante toda a juventude. Fiz uma apenas para poder pegar livros emprestados na Biblioteca Central. Otacildo acha graça dos meus livros, “esses bichos pesados estranhos”. Prefiro os livros tradicionais, não consigo simpatizar com esses allbooks. Estou relendo “O Velho e o Mar”, um clássico da literatura da Era Anterior. O velho em questão se perguntava por que os velhos acordavam sempre cedo. Para aproveitar mais o dia? Enquanto os jovens acordam tarde e indispostos. De fato, quando jovens, acreditamos que temos ainda incontáveis dias por vir. Já velhos, tomamos ciência de que o tempo está acabando. Nenhuma manhã pode ser perdida, nada deve ser deixado pra amanhã. Quando Otacildo acorda, já estou imerso em algum livro. E bebendo. Como a ração da manhã e parto pros livros e pra bebida. Otacildo reclama que eu deveria aproveitar o tempo que me resta, que não estou tão velho, que tenho saúde. E vai pro transe. Otacildo vive na NeuroNet. Presumo que seja o que ele considera aproveitar o tempo. Nunca aceitei esse troço. Estou bem comigo mesmo. Houve um tempo em que sentia falta dos outros. Não mais. Dizem que eu não preciso continuar no Beco, que agora todos têm direito a uma casa e quantos clones quiser. Quantos clones quiser, vejam isso! Não quero. Não quero uma casa. Nunca quis. Outro dia um Assistente de Rua ficou mais de três horas conversando comigo. Até sentou no chão pra parecer amigável. Eu só queria vomitar na cara dele. Otacildo jura que não é um clone. Se não é um clone é o que então? Um androide? Ele é muito engraçado. Não sei se inocente ou dissimulado. 

Rolifildo, Aino e Dandaro interrompem minha leitura:
Tamos indo fazer uma sabotagem na Usina da 36C. Quer ir?
Não, valeu.
Porra, tu parou mesmo no tempo. Nunca mais vandalizou com a gente. Não é mais da rua, agora vive no mundo da lua.
Deixa ele, vambora.

No mundo da lua. Expressão antiga. O luar me disseca. A lua parece um sol. Calor dos infernos. 

Na semana passada o Catarino foi extinto. Mesmo assim a turma continua roubando e vandalizando. Catarino era um dos poucos que se interessavam pelos meus livros. Ele gostava de criar, montava ficções e crônicas. Tinha talento. Acho que poderia ser um grande escritor. No ano de 1849 do Antigo Calendário, Dostoievski foi condenado à morte, com apenas 28 anos. Entretanto, no derradeiro minuto, teve a pena comutada para 4 anos de trabalhos forçados. Imagine se morto. Nunca teria escrito a maioria de sua obra, incluindo “Crime e Castigo”. Coisas pra se pensar. Otacildo diz que penso demais.

Aprendi meditação extrema há muitos anos, com um mestre iogue que decidiu perambular sem destino pelas ruas do mundo. Me dedico a ela várias vezes ao dia. Alguns minutos de completo desligamento da superficialidade. É uma limpeza da mente. Enxugamento do espírito. Revitalização energética. Foi muito útil no período em que estava preso e torturado diariamente. Na meditação extrema você consegue observar os efeitos da dor de forma distanciada, e não como algo que toma conta de sua identidade. O mestre me relatou que se eu dominasse aquelas técnicas, eu teria a capacidade de retardar os efeitos do envelhecimento sobre a anatomia cerebral. Confesso que, durante muito tempo, nunca me importei muito com os valores dele. Hoje, cada cerveja que abro dedico ao mestre.

Os Assistentes de Rua tentam de toda forma me convencer a reimplantar o monitor de saúde. Dizem que estou desamparado, brincam que não sou mais um garoto. Só tive esse troço obrigado, na prisão. Agradeço a ajuda, mas estou bem como estou. Já bastam essas roupas fotocinético-voltaicas. Não quero mais nenhuma merda tecnológica em mim. 

Mas, ao contrário do que possa parecer, não sou um nostálgico que vive amarrado a estilos ou pensamentos do passado. Gosto de variar minhas leituras entre clássicos e contemporâneos, tradicionais e inovadores. Tenho lido vários livros sobre a teoria do universo em ricochete. Concordo plenamente com essa tese. Aliás, acho que a teoria do ricochete vale para tudo. Não existe um início e um fim. Apenas transformação e ciclos. Assim é a história da humanidade. Progressos e Regressos. Crescimento e Recessão. Prosperidade e Crise. Inflação e Deflação. Guerra e Paz. Fome e Saciedade. Alimento e Adubo. Necessidade e Alívio. E vice-versa. Sempre nessa ida e vinda. As pessoas morrem enquanto outras estão parindo, continuando o ciclo. Vida, Não-Vida, Vida… Dia e Noite. Supernovas e Buracos Negros. Futuro e Passado.  Lá e Cá. O futuro nada mais é do que um novo passado. Toda a existência é apenas a mesma energia que se transforma. Que preenche e esvazia os espaços continuamente. Em dado momento, a expansão desse universo que habitamos e percebemos cessará e teremos uma nova contração. Implosão e Explosão. Explosão e Implosão. 

De repente, muita gente passa correndo pela encruzilhada. Gritaria. Confusão. Ebenezer entra eufórico no Beco.

Que está havendo?
Começou a revolução. 
Outra?
Vem. Vamos.

Rapidamente, Ebenezer corre até a caixa de isopor e enche de gelo e cerveja. Ebenezer adora essas manifestações revolucionárias. Vende muita cerveja. 

Sigo a multidão. Todos correndo alucinados. Caminho lentamente. Teve um tempo em que eu corria também. 

Finalmente chego ao comício. Um jovem num palanque. A plateia está entusiasmada, acho que o agitador está realmente ali, não parece holograma. Grita que a Revolução Istafista finalmente começou. Com o Istafismo tudo será diferente. Será o governo de todos. Para todos. 
Continuo ouvindo por um tempo. 
Retorno lentamente. 
Faço um exercício. Pisar exatamente onde pisei no percurso de ida. Será que consigo? Demais para minha memória. 
Estou de volta ao Beco.
De volta aos livros. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

AAAHHrte 19 05


AAAHHrte 19 05 disponível


AAAHHrte é um zine-colagem de coisas interessantes encontradas por aí. O objetivo é apenas divulgar e valorizar a cultura, em suas variadas vertentes, para que seja apreciada, fomentada e preservada. Distribuição gratuita.

As edições do AAAHHrte podem ser vistas/baixadas/recebidas através dos meios abaixo:

Para receber por mail é só pedir no wnyhyw@gmail.com  .

Ou acesse:












quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

AAAHHrte 19 04



Chegando mais um AAAHHrte.





AAAHHrte é um zine-colagem de coisas interessantes encontradas por aí. O objetivo é apenas divulgar e valorizar a cultura, em suas variadas vertentes, para que seja apreciada, fomentada e preservada.

Quem quiser receber por mail o AAAHHrte 19 04 (PDF de 9,2 mb), ou as edições anteriores, é só pedir no wnyhyw@gmail.com .

As edições do AAAHHrte podem ser vistas/baixadas nos endereços abaixo:


Edição 03:


nos Arquivos do grupo COLETIVO ZINE no facebook:
https://www.facebook.com/groups/333871386651933/files/ 

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

AAAHHrte 19 03



Mais uma edição do nosso AAAHHrte chegando. Numa primeira montagem, o tamanho do arquivo ficou bem além do que eu tava planejando, então dividi a edição, privilegiando nessa a galeria de zines impressos. Assim, minha expectativa é de muito em breve já disparar a 4ª edição. Uma mostra de que tem muita coisa interessante sendo produzida por aí. Vamo que vamo.


AAAHHrte é um zine-colagem de coisas interessantes encontradas por aí. O objetivo é apenas divulgar e valorizar a cultura, em suas variadas vertentes, para que seja apreciada, fomentada e preservada.

Quem quiser receber por mail o AAAHHrte 19 03 (PDF de 9,3 mb), ou as edições anteriores, é só pedir no wnyhyw@gmail.com .

As edições do AAAHHrte podem ser vistas/baixadas nos endereços abaixo:


ZINETECA DIGITAL COLABORATIVA:
Edição 03:


nos Arquivos do grupo COLETIVO ZINE no facebook:
https://www.facebook.com/groups/333871386651933/files/ 



Na Biblioteca de Fanzin/ES da Daniela Dias:
https://sites.google.com/view/fanzinesdanieladiaspoetisa 




 

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

HAWTHER


Publicação de quadrinhos de terror editada por Allan Fear (antigamente conhecido como Michael Kiss) (ah, é bom ressaltar que esse não sou eu, não faz parte da minha galeria de pseudônimos-criadores), que também produz diversos livros, contos espalhados em zines e sites, e vídeos no youtube. 
Estão disponíveis as edições 1 e 2.
Na 1, temos a reedição de algumas HQs antigas junto com outras recentes. Produções do editor, e de Marcelo Dolabella, Jackson Farias Teixeira, Adelino Castro, Wagner Teixeira Dias, Marcelo Besoni, Thiago Maletti.
Já na 2 são 6 histórias novas, todas concebidas pelo editor. Interessante aqui as diversas técnicas utilizadas pelo Allan para ilustrar os quadrinhos, desde traços mais rabiscados até colagens e montagens feita em computador, para passar um aspecto sombrio mas também tosco. 

CONTATO:

Allan Fear




Estou com alguns exemplares para trocas e vendas, então quem interessar pode me contatar também no wnyhyw@gmail.com














quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Área protegida





Um belo parque. 

Subo os degraus. 

Cerca. 

Dou a volta. 

Chego numa placa. 

Área protegida. 

Uma cancela e uma guarita e um segurança. 

Pergunto se ali é uma reserva ambiental. 

Ele responde que não, dali pra frente é o heliponto do governador. 

Ah beleza. E vou entrando, dando a volta na cancela. 

Senhor? Senhor?, Chama o segurança.

Sim?

Posso ajudar?

Não precisa, tô tranquilo. E continuo entrando. 

O guardinha sai da pequena guarita e corre à minha frente. 

Senhor, não pode entrar. 

Como assim? Aqui não é anexo do palácio do governador?

Sim, é o heliponto. 

E o governador não é representante do povo? Então é público. É do povo. E continuo andando. 

Senhor, por favor, peço que pare. 

Tudo bem, vou só dar uma volta no helicóptero-caveirão e volto. 

O segurança pacientemente explica que o local não estava aberto à visitação. Pobre coitado, não entendeu que aquele local é do povo. Mas tudo bem. Pensando bem, creio que é melhor nem correr o risco de ver o que acontece dali pra dentro. Tem coisa bem melhor pra se apreciar nos arredores. Dou meia volta. 

Retorno pelos degraus de pedra. 

Um cão brinca pelos gramados. Um pato se espreguiça sob o sol. 

Um belo parque, de fato. 




terça-feira, 24 de setembro de 2019

AAAHHrte 19 02

Dando continuidade no mesmo estilo da primeira edição, seguimos com nossa galeria de fanzines impressos, depois passamos para a divulgação de publicações digitais, além de sites e coisas interessantes encontradas por aí. Nesta edição temos POLITIQUA, PROFANO, REBOCO CAÍDO, CONTATO DIRETO, INTERVALO, JUMENCIA URBANA, QUADRANTE SUL, E MAIS.

Este zine tem como única finalidade divulgar e prestigiar obras criativas, sem qualquer finalidade comercial. Distribuição gratuita.

Quem quiser receber por mail (PDF de 8 mb) é só pedir no wnyhyw@gmail.com .

As edições do AAAHHrte podem ser vistas/baixadas nos endereços abaixo:

ZINETECA DIGITAL COLABORATIVA:
Edição 02: 

Na Biblioteca de Fanzin/ES da Daniela Dias:


terça-feira, 17 de setembro de 2019

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

AAAHHrte - Galeria de zines e acontecimentos criativos

Está disponível meu mais novo zine, AAAHHrte. É um fanzine simples, a princípio em formato digital, sem maiores preocupações estéticas ou de diagramação, com o objetivo de divulgar outros fanzines, destacando os impressos, e outras manifestações criativas que vêm acontecendo e chegam ao meu conhecimento.
Nesta 1ª edição temos capa e contra-capas de Jackson Abacatu; breves resenhas e uma amostra dos impressos QI, do Edgard Guimarães; SOBREVIDAS e MORDA A MÃO QUE TE ALIMENTA, do Renato Lauris; os MICROZINES do Marcio Sno; AVISO FINAL e CADERNOS DE ESTUDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA, do Renato Donisete; ALFARRÁBIOS, do Paulo de Carvalho; FATHERZINE, do Valdir Ramos; O BERRO, do Winter Bastos; RETRATO DA FARMACÊUTICA QUANDO ARTISTA, de Monique Brito; REBOCO CAÍDO, do Fabio da Silva Barbosa; FOLIUM, do Podre Flores; THE GOTHIC SOCIETY BRASIL. Alguns destes com as resenhas já publicadas neste blog este ano. Temos também dicas de publicações digitais e sites, e de acontecimentos interessantes por aí.

Quem quiser receber por mail (PDF de 10,4 mb) é só pedir no wnyhyw@gmail.com .

Ou pode ser visto/baixado nos endereços abaixo:

na ZINETECA DIGITAL COLABORATIVA, uma iniciativa do Alberto de Souza, do projeto Ifanzine e Fanzinoteca do IFF Macaé: 

Na Biblioteca de Fanzin/ES da Daniela Dias:
https://sites.google.com/view/fanzinesdanieladiaspoetisa 

no site RECANTO DAS LETRAS:
https://www.recantodasletras.com.br/e-livros/6732494
nos Arquivos do grupo COLETIVO ZINE no facebook:
https://www.facebook.com/groups/333871386651933/files/ 






segunda-feira, 22 de julho de 2019

Ufa !!!!

Não!
Qualquer coisa
Menos a popularidade.
Ah
Esqueci
Nunca precisei me preocupar com isso.
Ufa!!

quarta-feira, 20 de março de 2019

QI 154



Um pouco do QI 154. Quem ainda não conhece, sempre é tempo. Esta edição traz HQs e ilustrações de Julie Albuquerque, Luiz Faria, Lancelott Martins, Yasmin Fernandes e do próprio Edgard; textos de Lincoln Nery, Worney Almeida de Souza, Lio Guerra Bocorny, E. Figueiredo; colaborações diversas; e aquele ótimo espaço para debates e opiniões no Forum e para divulgações no Edições Independentes. Acompanha ainda o encarte Mestres das Histórias em Quadrinhos nº 2, com a trajetória do artista português Eduardo Teixeira Coelho, por Carlos Gonçalves e Edgard Guimarães. 


Contato: Edgard Guimarães. edgard.faria.guimaraes@gmail.com