No poema
“Desinteresse por facilidades ou Se quisesse ser feliz, aderia a eterna
ignorância”, Fabio da Silva Barbosa manda: “insônia / maldição que atormenta /
aos de cérebro acelerado”.
A produção
que nunca desacelera do Fabio me faz pensar no conceito de Hiperativo Criativo.
O Hiperativo
Criativo não deve ser confundido com o Hiperativo Tradicional ou Autômato. O
Hiperativo Autômato é aquele que se orgulha de ser hiperativo, de fazer mil
coisas ao mesmo tempo, de nunca ter tempo pra nada, mas o que no final produz
com tanta atividade? Nada. Absolutamente nada de útil. Seu preciosíssimo tempo
é inteiramente dedicado para atender demandas do seu empregador, ou dos seus
parceiros comerciais, ou dos seus líderes, ou para resolver problemas que ele
mesmo criou. Vamos dar um exemplo. É só pegar qualquer dessas revistas de
negócios e procurar alguma matéria que
relata a rotina de algum super executivo. Todos esses executivos endeusados no
mundo corporativo são iguais. Acordam 5 da manhã, fazem alguma atividade
física, leem 150 jornais nacionais e internacionais, capricham num café da
manhã mega saudável e vão pra empresa, chegando ainda umas 8 da manhã. Então
trabalham arduamente 17 horas consecutivas, voltam pra casa e ainda tem tempo
de fazer mais uma atividade física, participar de seus sites e grupos sobre
liderança e negócios, escrever mais um capítulo de sua autobiografia e preparar
uma apresentação para o dia seguinte.
Mas o que
ele produz nessas 17 horas de trabalho? Absolutamente nada de útil. Esse
trabalho consiste simplesmente em participar de confortáveis reuniões regadas a
drinks e petiscos, passeios de helicópteros, viagens em primeira classe. Sua
rotina de tomada de decisões consiste na solução mais paliativa possível.
Aquela que resolve um problema criando outros problemas ou que só resolve no
curto prazo, gerando o retorno do problema piorado no médio / longo prazo.
Assim fica fácil ser hiperativo. O Hiperativo Autômato simplesmente gasta todo
seu tempo repetindo a estrutura vigente, garantindo o status quo, não cria
nada, não resolve nada, e ainda se orgulha de ser superacelerado, fazer mil
coisas ao mesmo tempo, ser viciado em “trabalho”, estar sempre com a agenda
lotada, dormir pouco, nunca ter tempo pra nada, como se tudo isso representasse
alguma qualidade por si só.
Já o
Hiperativo Criativo é aquele que efetivamente cria, que produz, que estimula
ideias, reflexões. Um exemplo? Ora, tá aqui. O REBOCO CAÍDO, claro, fruto do
cérebro realmente acelerado do Fabio, que chega ao nº 40. Então depois de todo
esse blablablá, vamos ao que esta edição traz para nóis: Capa dupla de Gutemberg
Loki; poemas de Samuel da Costa, Clarisse da Costa, Elke Gibson, Gutemberg
Loki, Fabio da Silva Barbosa; interessantes entrevistas com Teu Pai Já Sabe? e
Felipe Rodríguez; texto de Wagner Teixeira. E se você estiver sem tempo pra ler
o RC, reflita se não é porque você se tornou um Hiperativo Autômato.
Contato:
Fabio da
Silva Barbosa
É nós
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