A PRISÃO NOSSA DE CADA DIA

Noite. Pai busca filho na escola. No caminho de casa, passam pelo parque, já fechado. O jovem queria muito ter tempo de brincar no parque, mas, com a implantação da novíssima escola em tempo integral, passa o dia confinado lá. Chega no início da manhã e ao sair já é noite. E aí direto pra casa. Rotina diária: casa escola escola casa. O dia inteiro na escola decorando fórmulas, tempos verbais, elementos químicos, sem entender pra que serve tudo aquilo. Queria mesmo era correr pelo bairro, brincar no parque. Queria virar adulto logo pra fazer o que quiser, ser livre.

Pai pensava em como a escola em tempo integral facilitou muito sua vida. Agora pode levar e buscar o filho nos horários de ida e volta do trabalho. Observa o parque. Nunca entrou ali. Passa o dia no escritório, em reuniões intermináveis discutindo custos e metas e outros assuntos que não entende para que servem. À noite é buscar o filho e ir pra casa. Às vezes, queria voltar a ser criança pra brincar livremente no parque, sem preocupações.