O baile
Sorri e oferece uma cerveja. De pé, parada, seu corpo magnetiza o olhar. As pernas torneadas, coxas firmes, quadril arrebitado, amplificados pelo minishort justo e salto exagerado. O top curto e decotado exibe o abdomen definido e seios fartos. Aqueles seios parecem familiares, acha que já os viu em algum lugar. A pele luminosa, sem nenhuma mancha ou marca, por menor que seja, reflete o brilho do… da… reflete o brilho de alguma coisa. A boca carnuda, olhos brilhantes, rosto de simetria milimétrica, minuciosamente esculpido, um rosto que não é estranho. Parece aquela atriz, a… qual é mesmo o nome dela? Aquela, famosa, a… deixa pra lá. A questão é: como resistir a ela, ao convite de tamanha perfeição? Pede mais uma garrafa, bem gelada. Mas ela não senta ao seu lado no balcão. Permanece lá, imóvel, perfeita, perfeitamente construída, naturalmente irreal, pregada na parede. Afinal, que produto está sendo anunciado naquele pôster? Quem se esconde por trás dessa imagem? Qual sua história? Sua outra história? Na outra extremidade do bar, outro pôster similar com outra beldade. Ou seria a mesma? Mais um gole, esvazia o copo e volta pra casa. Precisa se arrumar para o baile de máscaras de logo mais.
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