BREVES CAPTURAS DE MOMENTOS FATAIS
I
Aquela carótida, que excitação. Os caninos em ereção. O desejo por sangue. Só então entendem o que aconteceria. Mas já era tarde demais pra eles...
II
"Sua beleza é sobrenatural".
O incubus havia escolhido sua vítima.
Mas ao despí la
incontáveis e profundas cicatrizes, todo o tronco cortado, assim como o abdômen, as coxas, a virilha.
Ela sorri e, com as garras que despontam, sutilmente rasga um corte longitudinal em seu próprio seio direito.
"Essa marca, querido, é pra você".
A sucubus havia escolhido sua vítima.
III
-Uau, não acredito que estou conhecendo de perto as esculturas de Jonas Diberet. Suas estátuas são impressionantes, tão reais. Quem será sua próxima homenageada?
-Quem sabe não é você?
Seus olhos brilharam como uma estrela que acabara de nascer. Não seria mais uma reles mortal. Seria imortalizada.
-Hoje sua beleza encanta a mim, amanhã encantará o mundo.
Ela flutuava naquelas palavras, seu sorriso parecia criar uma fenda no tempo .
Diberet saboreava aquela excitação. Não via a hora de começar sua próxima obra prima.
IV
É a próxima a desfilar. Está nervosa. Não por causa da passarela, mas por passar em sua mente um lampejo de todas as atrocidades que cometeu para vencer. Quando chamada, o lampejo cessa, pensa apenas no sucesso, na conquista, no mundo a seus pés, eu sou linda, maravilhosa, perfeita, eu mereço. Caminha confiante pelo palco. Até que uma sensação estranha, uma fraqueza, como se o ar a esmagasse. A plateia a encara pasma, boquiaberta. Percebe sua pele, suas mãos, braços. Toda enrugada, envelhecida. Apalpa seu corpo, sente as estrias, celulites, culotes, rugas, a pele cada vez mais flácida. É como se envelhecesse um ano a cada segundo. Então se lembra de Liliane, da praga que lhe rogou antes de morrer. Então aquela vadia era realmente uma bruxa…
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