A peregrinação do servo de Ishtar
continuará?
Levanto. Ela está deitada de costas, em sono profundo. Em um movimento inconsciente, se vira de lado. A coberta sinuosa ondula sobre seu corpo, revelando, pouco a pouco, costas, quadris, coxas, panturrilhas, tornozelos... Fico cerca de meia hora contemplando suas formas. Vou até a pequena varanda de nosso quarto e recebo o raiar do dia, nu e de pau duro. A rua, dois pavimentos abaixo, é razoavelmente movimentada. Algumas pessoas olham pra mim mas parecem não se importar. A população aqui é mesmo diferenciada. Povo desencanado, despojado, sem moralismos fajutos. Abro os braços, deixo o verão me banhar por completo. O sol sobre meu corpo faz com que meu pau permaneça duro por um bom tempo. Que sensação! Contemplo a paisagem, pessoas praticando corrida e caminhada, ou sentadas filosoficamente nos bancos da pequena praça. Será que finalmente encontrei o meu lugar?
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