Novos episódios da saga BRAZYU:
NOVÍSSIMAS AVENTURAS DO NOSSO GRANDE HERÓI, O CIDADÃO DE BEM
O Cidadão de Bem para seu carrão importado quando vê uma cena estranha. Um homem suspeito se aproxima de uma casa. Acha suspeito porque nunca viu uma pessoa daquela cor de pele transitando naquela rua tão segura à noite. Nesse horário, todos os empregados domésticos já foram embora. Só pode ser bandido. Tem certeza absoluta disso quando vê o indivíduo parar junto à porta e procurar algo no bolso. Vai arrombar a casa! O Cidadão de Bem não pode permitir isso! Graças a Deus, está carregando sua sagrada arma, cujo porte conseguiu facilmente com a nova legislação de armamento da população. Desce do carro, corre até o sujeito e dispara. Seis tiros. O baleado nem conseguiu entender o que estava acontecendo. Morreu instantaneamente. A puliça é chamada e ao investigar o caso descobre que o morto na verdade tinha acabado de se mudar praquela casa. Estava chegando em sua nova moradia e procurava a chave no bolso quando foi baleado. Havia se mudado para lá justamente porque considerava a comunidade em que residia violenta demais. No julgamento, o Cidadão de Bem argumentou que estava com medo, não tinha como saber que não era um bandido, pois estava agindo de forma suspeita, o Cidadão de Bem apenas cumpriu seu dever cívico ao reagir para proteger a sociedade de uma possível ameaça. Foi absolvido, conforme a nova legislação de excludente de ilicitude e legítima defesa. E também conforme a nova legislação processual, a família do morto ainda teve que pagar os honorários do advogado do inocentado. A família do morto acabou tendo que se exilar devido às inúmeras e insistentes ameaças que passou a receber por ter buscado justiça.
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Um crime havia sido cometido. O Cidadão de Bem revoltado vai até a delegacia que investiga o caso para cobrar providências. Vê policiais chegando, conduzindo um homem para dentro. Pela cor da pele dele, Cidadão de Bem não tem dúvidas, só pode ser o assassino! Maldito! Cidadão de Bem não pode deixar barato, não pode deixar que haja qualquer possibilidade dele ficar impune! Irado, corre pra dentro da delegacia. Lá, saca sua metralhadora, cujo porte conseguiu por ser membro de um Clube de Caça, conforme permite a nova legislação de Porte de Armas. Ao ver aquela arma, os dezenas de puliças no recinto saem correndo, deixando o homem que vinha sendo conduzido desprotegido. O Cidadão de Bem o metralha até a munição acabar. Mesmo tendo cometido um assassinato dentro de uma delegacia, o Cidadão de Bem consegue facilmente escapar. A puliça revela que o morto era apenas uma testemunha do caso, nem era suspeito. Os advogados do Cidadão de Bem argumentam que ele agiu em legítima defesa, estava apavorado, pois achava que o metralhado era o culpado. Excludente de ilicitude, conforme a nova legislação penal. Foi absolvido.
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O Grande Latifundiário expande suas terras, que já eram imensamente enormes, invadindo uma área pertencente àquela família, pequena produtora. A humilde família reclama, mas O Grande Latifundiário os escorraça à bala. Com o fortíssimo armamento que adquiriu, facilitado pela nova legislação de porte de armas para "trabalhadores" do campo, ninguém mais brinca com O Grande Latifundiário. "Os produtores rurais não serão mais escravizados pelos sem terra", comemora o Novíssimo Dytador do Reyno.
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Enquanto isso, a menina de 10 anos descobre estar grávida após ser estuprada por um parente próximo. E médicos ainda avaliam que aquele parto seria de alto risco para a vida da menina. Mesmo assim, o aborto foi negado pelas autoridades. Afinal, aborto está proibido em qualquer situação, conforme a nova legislação. A menina, cansada de chorar, agoniada por aquela situação, tenta se matar. A mãe, desesperada, consegue um remédio abortivo e dá para a filha. Mas o fato havia sido descoberto por um vizinho, que denuncia. Mãe e filha são presas e condenadas à prisão perpétua, conforme a nova legislação de tolerância zero. O vizinho que denunciou ganhou uma recompensa milionária, conforme nova legislação de recompensa às denúncias. Recompensa que é tanto maior quanto maior for a pena dos denunciados. A menina grávida tinha uma irmã menor, que ficou sem ninguém, pois o pai havia abandonado a família, que ele considerava impura após o estupro. Ninguém se importou com a caçula, pois, embora o aborto seja proibido, depois que o feto nasce ninguém mais se importa com aquela vida. E não demorou para que também se extinguisse..
Brazyu é uma saga de ficção passada no fictício Reino do Brazyu. Qualquer semelhança com lugares e pessoas reais é mera coincidência.
OUTROS EPISÓDIOS DA SAGA ESTÃO NO LIVROZINE
BRAZYU: O PAÍS DO PASSADO - A EPOPEIA DO RETROCESSO
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