Numa das nossas viagens transcendentais
Pousamos em um deserto
Apenas dunas e areia
E nosso corpo astral
Felizmente nesta forma sol não fustiga
Podemos caminhar despreocupadamente
Por horas
Nada muda
Será que nós mudamos?
Olhe pra trás e perceba suas pegadas na areia
Seres etéreos não deveriam deixar pegadas
Se você transformou o deserto, então o deserto te transformou, diria Borges
Olhe mais intensamente pra areia e
Ela não está mais lá
Apenas o piso do seu quarto
Estamos de volta
Não estamos de volta
Sempre estivemos aqui
Não fomos ao deserto
O deserto veio a nós
Horas e horas passam
Talvez dias, talvez anos
Nada muda
Nada acontece
Voltamos ao deserto
Sol a pino, escaldante
Muita sede, sem água
Seguimos, um calor inclemente
Chegamos a lugar nenhum
O deserto devastador não tem fim
Está bem, maldito, você venceu
Deitamos na areia
É sua vez, deserto, nos transforme.
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