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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Watchmen: uma rápida leitura do filme

(Por Juzé da Ciuva)

Esses dias finalmente assisti WATCHMEN, adaptação para o cinema de uma das HQs mais cultuadas de todos os tempos. O filme surpreendeu bastante, pois causou um impacto que eu não esperava. Não li a HQ, assim vi o filme sem nenhuma idéia pré-concebida, sem nada saber sobre a história.
Os produtores do filme decidiram fazer uma adaptação fiel do original. Se por um lado, essa decisão pode não agregar muito para quem esperava algo de novo, por outro, muito alegra os fãs que não queriam ver a obra mutilada no cinema. Geralmente, ser fiel ao original é o melhor caminho para garantir a qualidade, afinal, se a HQ for boa, já teremos pelo menos um excelente roteiro.

ATENÇÃO: ESTE RELATO CONTÉM SPOILERS, SE NÃO VIU O FILME NEM LEU A HQ E NÃO QUER TER OS MOMENTOS DECISIVOS REVELADOS, NÃO LEIA.

No enredo de Watchmen, todos os conceitos que conhecemos sobre super-heróis são subvertidos. Os heróis que acompanhamos são pessoas de habilidades excepcionais, mas pessoas também cheias de defeitos, em constante conflito diante da complexidade moral que envolve seus atos. Pessoas que se perdem quando descobrem que não sabem pelo quê estão lutando. É muito interessante notar que na trama não temos heróis lutando contra vilões. Temos heróis contra heróis. Ou vilões contra vilões, dependendo do ponto de vista. Watchmen demonstra que a linha que separa heróis e vilões é muito mais tênue do que se imagina. Temos o comediante, o anti-herói no sentido mais radical, que prontamente atende aos chamados governamentais para defender a pátria, e mais prontamente ainda pratica, sem hesitação e sem remorso, atrocidades inimagináveis. Temos Rorschach, que segue seu próprio código de conduta e, embora esteja cagando para os valores morais vigentes, ainda mantém acesa a chama de um certo idealismo, tentando a seu modo promover o que podemos chamar de bem. Mas é diante da (im)potência do Dr. Manhattan que temos o grande momento do filme. Durante todo o tempo, ele é o Super Homem clássico, o herói perfeito, o grande protetor, sábio e caridoso. Só que o seu extremo racionalismo é a perdição de seus protegidos, pois no final ele percebe que se milhões de pessoas tiverem que ser sacrificadas para um bem maior, isso deve ser feito. Mesmo tendo sido usado e enganado, ele compra a idéia de Ozymandias e pior para quem se opor, os fins justificam os meios. O final é bem impactante e inesperado. Quem não conhece o gibi, inocentemente acha que Rorschach e o Coruja conseguirão impedir Ozymandias e salvar o mundo. Mas o desfecho é bem diferente. Remete à segunda guerra mundial: vou jogar uma bomba atômica em vocês, devastar um país e aniquilar milhões de inocentes, mas é tudo pela "paz mundial". E, novamente, quando achamos que acabou e fecharemos com esse final negro, a ultima cartada. O diário de Rorschach, responsável por todo um clima noir que envolveu o personagem durante o filme, cai nos braços da mídia. O diário que contém em detalhes fatos que levam à verdade sobre o genocídio ocorrido. Uma conclusão genial. Tenho que ler esta HQ sem mais delongas.

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