BRAZYU
O PAÍS DO PASSADO
A EPOPEIA DO RETROCESSO
Brazyu é uma saga de ficção, ambientada no fictício Reino do Brazyu. Qualquer semelhança com lugares e pessoas reais é mera coincidência.
Para o futuro de volta
[Veja episódio anterior aqui]
Zero Dois, o segundo filho do Dytador dos EUAb (Estados Unidos da América brazylera) adentra ofegante o Palacete de Estar do Grande Palácio Ymperial.
-Mulher, arrume suas coisas. Temos que partir do país.
-Sim, meu amor. A Nova Peste está por toda parte.
-Que mané peste. Falo de uma verdadeira tragédia. O Trump caiu.
-Oh, meu Deus. O Trump não. E agora? O que faremos? Pra onde vamos?
-Não sei. É o fim dos EUAb. Teremos que procurar outro colonizador. Onde está papai?
-Seu irmão o levou para o Abrigo Ymperial Subterrâneo Fortificado. Não sei o motivo.
Desconfiado, sai correndo. O que o Zero Um quer lá? O Abrigo é apenas para proteger o Ymperador no caso da maior das emergências, a mais terrível de todas as ameaças, ou seja, para o caso de um ataque comunista sobre a nação.
Acessa a passagem secreta até o bunker ymperial.
Lá dentro, encontra seu irmão colocando o pai moribundo em uma estranha cabine.
-Zero Um, o que é isso? Que está fazendo?
-Meu irmão, veja isso. Descobri, após mandar torturar o nosso Ministro da Defesa do Status Quo, todos os segredos do Abrigo Ymperial. Temos aqui cabines de criogenia! Indestrutíveis. Um último recurso construído para que numa catástrofe o Ymperador possa ser salvo. Congelado e preservado para despertar no futuro. E a maior das catástrofes aconteceu. Não podemos viver num mundo em que Trump não governa. Única saída é sermos congelados e rezar para despertarmos em um mundo em que apenas os verdadeiros patriotas tenham sobrevivido. Podemos escapar todos. Venha.
Zero Dois percebe apenas duas cabines, lado a lado.
-Só tem essas duas cabines?
-Sim. Mas não tem problema. Nós dois podemos dividir uma cabine.
-Dividir? Isso é comunismo.
Saca sua arma.
-Virou comunista?
-Ninguém me aponta arma.
Zero Um também saca sua arma e atira, mas esquece de destravar.
Zero Dois dá vários tiros, mas erra todos. Balas passam longe, até que fica sem munição.
Nesse tempo, Zero Um destravou a sua e atira, mas também erra todos os tiros, mesmo os irmãos estando bem próximos. Trinta anos de escola de tiro pra isso, pensa.
Zero Dois parte pro combate corporal.
-Vou matar você, comunista de merda.
Consegue acertar um soco em cheio... na pilastra, ao lado do irmão, que nem havia tentado desviar do golpe.
-Aiaiaaaaaiiiii, quebrei a mão, choraminga.
-Venha, vou te colocar na cabine, apieda-se Zero Um.
-Não, me solte, comunista de satã.
Empurra e com o peso de seu corpo, consegue arremessar o irmão pra longe, que se desequilibra feio, bate a cabeça na parede de ouro maciço e desmaia.
Zero Dois cambaleia até as cabines.
-Ai, minha mão, como dói, como queria que mamãe estivesse aqui. Desculpa, papai, mas eu sempre soube que o Zero Um era um adorador de Marx, aquele viado. Mas iremos escapar. E recolonizar o mundo.
Adentra então a outra cabine e a fecha. Automaticamente a cabine é lacrada e inicia o procedimento de criogenia. Zero Dois sente apenas um suave gás preencher seu interior antes de adormecer…
...
-Bem vindo de volta.
-O que? O que é isso? Onde estou?
-Calma. Você dormiu por um longo tempo, relaxe…
-O que? Em que ano estamos?
-Estamos no ano que seria equivalente ao 4579 d.c. da sua era. Eu sou um grande estudioso da sua época, da língua, dos costumes, da…
-Caralho! Isso é incrível! Então deu certo! O futuro! Como está o mundo? Eu quero ver!
Nem presta atenção no cômodo em que estão. Percebe uma janela e vai correndo até lá.
-O mundo do futuro! Eu tenho que ver!
Vê então a rua. Lá fora, uma rua de barro, por onde circulam galinhas, porcos e pessoas vestidas grosseiramente em trapos. Casas toscas de pedra com telhado de palha, de onde lixo e esgoto é jogado direto na via pública. Perto dali, um estábulo com cavalos bebendo água na entrada. Uma carroça arcaica percorre a avenida transportando vários cadáveres amontoados e empilhados. Pessoas se aproximam carregando seus cadáveres pra jogar no transporte fúnebre.
-Que porra é essa? Você não disse que é o ano quatro mil e o caralho? Não estamos no futuro?
-Isso mesmo. O futuro é isso aí. Retrocedemos pra idade média.
-Tá de sacanagem…
Continuará?
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